Mandalas - um pouco mais
“Tudo o que é visível deve se expandir para além de si
mesmo, até penetrar no âmbito do invisível. Desse modo alcança sua verdadeira
consagração e clareza, enraizando-se firmemente na ordem cósmica.” I CHING, O
CALDEIRÃO (pg 156).
Introdução
E enfim,
porque será que as Mandalas tem o dom de fascinar tanto a tantas pessoas?
Talvez porque tenham o dom de nos aproximar de nosso centro mais íntimo, mais
pessoal; talvez porque elas pareçam nos sussurrar sem palavras o mistério da
vida e do cosmos; ou, ainda porque elas nos convidem a interrogar e dialogar
sobre a ordem e o caos. E, em geral por seu poder para nos explicar tanto sobre
nós mesmos e forma como nos relacionamos uns com os outros. A verdade é que as
Mandalas encerram em si uma força incrível para nos levar na nossa infinita
jornada de “volta para casa.”
Segundo a
tradição do Budismo tibetano, a Mandala é um diagrama circular simbólico de
todo o universo. A morada de signos e símbolos para meditar, do divino,
entendido como emanação de sabedoria. Faz referência a um universo puro,
original, primitivo. Cada Mandala transborda sinais que podem ser um reflexo do
estado da mente de alguém.
Recordemos que em
sânscrito, mandala significa círculo e também centro. Ao redor de um ponto
central se desenham formas e impressões que em seu conjunto abrem as portas
para os palácios do conhecimento. Mandala também possui outros significados, como
círculo mágico ou concentração de energia. Universalmente a mandala é o símbolo
da totalidade, da integração e da harmonia. Ela pode ser
utilizada na decoração de ambientes, na arquitetura, ou como instrumento para o
desenvolvimento pessoal e espiritual. A mandala restabelece a saúde interior e
exterior. Podemos usá-la para a cura emocional, que refletirá positivamente em
nosso estado físico, e assim ficaremos com mais saúde e vigor. Também podemos
utilizá-la para a cura de ambientes, como o familiar e o de trabalho, ou para
preparar um espaço especial, onde você irá meditar ou fazer sessões de cura. A
mandala atua no aspecto físico, emocional e energético. No aspecto físico,
promove o bem-estar, o relaxamento e a prevenção do estresse. Emocionalmente,
pode trabalhar conteúdos oriundos de emoções antigas, atuais ou futuras, pois
sinaliza aqueles que irão emergir. No aspecto energético, ela ativa, energiza e
irradia, harmonizando ambientes físico ou pessoal carregados negativamente, ou
aura de sofrimento e tristeza. Ainda energeticamente, pode levar a pessoa a
contatos com dimensões supraconscientes e ao encontro de um caminho espiritual.
Neste sentido, a mandala foi, e ainda é, muito utilizada para a meditação e
para o desenvolvimento e a ampliação da consciência.
Mandalas têm
sido usadas em várias tradições espirituais e culturas como um objeto de
meditação e como símbolos de um conjunto e integração. Encontramos Mandalas especialmente na tradição espiritual tibetana
e indiana, mas também na América cristã e nativa.
C G Jung
usou as Mandalas de seu trabalho psicoterapêutico, e foi um dos pioneiros a
introduzir o desenho de Mandalas para o Ocidente. Muitos artistas utilizam mandalas como uma forma de expressar sua
criatividade e também descobriram que uma ferramenta fantástica que é de
aprofundar o nosso próprio coração e entrar em contato com nossa natureza
interior verdadeira. O desenho de Mandalas é atualmente usado também nas escolas em muitas
partes do mundo, desde quando se descobriu que ele ajuda as crianças a se
concentrar e se acalmar. A criação de Mandalas é uma experiência de meditação de foco forte
e presença. Meditar sobre uma mandala é também um calmante e experiência da
mente. "Fazer uma mandala é uma
disciplina para puxar tudo que está quebrado difuso em nossas mentes. Colocar
esses aspectos de nossa vida juntos, encontrar um centro". ( Joseph Campbell,
1990).
"Na minha exploração, a mandala é a porta
para a linguagem da alma. Quando você aprende esta língua, você
ganha acesso a eterna sabedoria e mistério da alma. Sua vida será alterada,
ampliada, agraciada, e aprofundada para sempre." (Paul Heussenstamm,
2012)
O psicólogo
britânico, David Fontana, autor de vários livros de meditação, crê que a
natureza simbólica da Mandala pode ajudar os meditadores a alcançar níveis
progressivamente mais profundos do inconsciente e a experiência de um sentido
místico da unidade. Jung pensava que a Mandala era uma representação do eu
inconsciente. Segundo ele, sua pintura de Mandalas o ajudou a trabalhar até a
plenitude de sua personalidade. “As
Mandalas expulsam e exorcizam como um circulo mágico às forças anárquicas do
mundo das trevas e constroem ou geram um contorno que transforma o caos em um Cosmos” ( Carl Jung, 2002).
Todas as formas e
cores são atos de energia e informação; ainda mais os símbolos sagrados,
sólidos platônicos, mandalas e yantras que são de natureza arquetípica e
sublime que estão fundamentados em leis e preceitos universais, portanto
possuem em si mesmos, simetria, esplendor e beleza que inspiram harmonia
superior e nos põe em contato com o sagrado do Cosmos.
O interesse ocidental
pelas Mandalas se deve em grande parte à obra do psiquiatra Carl Gustav Jung.
Ele estudou as Mandalas orientais e descobriu que as propriedades integradoras
delas eram benéficas no processo psicoterápico; desenhando Mandalas seus pacientes
podiam começar a por em ordem seu caos interior. Muitas pessoas usam as
Mandalas por suas virtudes terapêuticas, que permitem recobrar o equilíbrio, o
conhecimento de si mesmo, o sossego e a calma interiores, necessários para
viver em harmonia.
Tucci (1961) admite
que as Mandalas foram descobertas em experiências de introspecção motivadas por
alguma necessidade intrínseca do espírito humano. Só mais tarde elas foram
utilizadas com o fim de reconstruir um caminho para estados mentais que
originalmente as inspiraram. A Mandala, nascida, portanto de um impulso
interior, tornou-se, por sua vez, um suporte para a meditação, um instrumento
externo para provocar e obter essas visões com serena concentração e meditação.
As intuições que a princípio se mostravam caprichosas e imprevisíveis são projetadas
para fora do místico, que, concentrando a mente nelas, redescobre o caminho
para alcançar sua própria realidade oculta.
Joan Kellogg (1977)
dizia que quando criamos uma Mandala geramos um símbolo pessoal que revela quem
somos num dado momento.
Depois de Jung cada
vez mais despontam ao redor do mundo ocidental inúmeros grupos que se dedicam a
estudar ou desenhar e pintar Mandalas seja com objetivo artístico ou
terapêutico. Encontramos esses grupos na Europa, Américas do Norte, Central e
Sul. A cada dia que entramos na internet nos deparamos com um novo grupo ou até
mesmo artistas e artesãos isolados que apresentam seus novos trabalhos.
Para se alcançar a energia vibracional de uma Mandala há três caminhos,
igualmente importantes: o da numerologia, o da geometria e o das cores. Muitas
pessoas sentem-se intimidadas diante de uma folha de papel em branco para
iniciarem seus desenhos em círculos e preferem apenas colori-los. Parece que
estas pessoas tem uma etapa necessária para vencerem em seu desenvolvimento.
Por isso, para atender as pessoas que preferem apenas colorir Mandalas é que
este grupo de Mandaleiras doou seus desenhos. “A pintura de uma mandala, nos proporciona o contato com as cores, que
ajudará a restabelecer o equilíbrio do organismo, e em consequência obtendo cura.
O trabalho com as cores também estimula os chakras do corpo humano. Para cada
cor existe uma vibração que atua dentro destas rodas de energia.” Celina
Fioravante (2007).
BIBLIOGRAFIA:
CAMPBELL, Joseph. O
poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.
FINCHER, Susanne F. Creating Mandalas. Boston: Shambhala, 2010.
FIORAVANTE, Celina. Mandalas
– Como usar a energia dos desenhos sagrados. São Paulo: Pensamento, 2007.
Heussenstamm, Paul. http://www.mandalas.com/ Acessado em 20/08/2012.
JUNG, Carl Gustav “O
simbolismo da Mandala” in Os
arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Vozes, 2002.
_______________ & WILHELM, Richard. O segredo da flor de ouro – Um livro de vida chinês. Petrópolis: Vozes, 1984.
KELLOG, Joan “The use of Mandala in Psychological
Evaluation and Treatment”. American
Journal of Art Therapy. 16:123,
1977.
Mandaleiras do Universo. http://mandaleirasdouniverso.blogspot.com.br/ Acessado em 28/08/2012.
TUCCI, Giuseppe. The theory and practice of the Mandala.
New York: Dover Publications, Inc., 1961.
WILHELM, Richard. I
Ching – O livro das mutações. São Paulo: Pensamento, 9ªed, 1993.
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