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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Mandalas - um pouco mais


“Tudo o que é visível deve se expandir para além de si mesmo, até penetrar no âmbito do invisível. Desse modo alcança sua verdadeira consagração e clareza, enraizando-se firmemente na ordem cósmica.” I CHING, O CALDEIRÃO (pg 156).
Introdução
E enfim, porque será que as Mandalas tem o dom de fascinar tanto a tantas pessoas? Talvez porque tenham o dom de nos aproximar de nosso centro mais íntimo, mais pessoal; talvez porque elas pareçam nos sussurrar sem palavras o mistério da vida e do cosmos; ou, ainda porque elas nos convidem a interrogar e dialogar sobre a ordem e o caos. E, em geral por seu poder para nos explicar tanto sobre nós mesmos e forma como nos relacionamos uns com os outros. A verdade é que as Mandalas encerram em si uma força incrível para nos levar na nossa infinita jornada de “volta para casa.”
Segundo a tradição do Budismo tibetano, a Mandala é um diagrama circular simbólico de todo o universo. A morada de signos e símbolos para meditar, do divino, entendido como emanação de sabedoria. Faz referência a um universo puro, original, primitivo. Cada Mandala transborda sinais que podem ser um reflexo do estado da mente de alguém.
Recordemos que em sânscrito, mandala significa círculo e também centro. Ao redor de um ponto central se desenham formas e impressões que em seu conjunto abrem as portas para os palácios do conhecimento. Mandala também possui outros significados, como círculo mágico ou concentração de energia. Universalmente a mandala é o símbolo da totalidade, da integração e da harmonia. Ela pode ser utilizada na decoração de ambientes, na arquitetura, ou como instrumento para o desenvolvimento pessoal e espiritual. A mandala restabelece a saúde interior e exterior. Podemos usá-la para a cura emocional, que refletirá positivamente em nosso estado físico, e assim ficaremos com mais saúde e vigor. Também podemos utilizá-la para a cura de ambientes, como o familiar e o de trabalho, ou para preparar um espaço especial, onde você irá meditar ou fazer sessões de cura. A mandala atua no aspecto físico, emocional e energético. No aspecto físico, promove o bem-estar, o relaxamento e a prevenção do estresse. Emocionalmente, pode trabalhar conteúdos oriundos de emoções antigas, atuais ou futuras, pois sinaliza aqueles que irão emergir. No aspecto energético, ela ativa, energiza e irradia, harmonizando ambientes físico ou pessoal carregados negativamente, ou aura de sofrimento e tristeza. Ainda energeticamente, pode levar a pessoa a contatos com dimensões supraconscientes e ao encontro de um caminho espiritual. Neste sentido, a mandala foi, e ainda é, muito utilizada para a meditação e para o desenvolvimento e a ampliação da consciência.
Mandalas têm sido usadas ​​em várias tradições espirituais e culturas como um objeto de meditação e como símbolos de um conjunto e integração. Encontramos Mandalas especialmente na tradição espiritual tibetana e indiana, mas também na América cristã e nativa. 
C G Jung usou as Mandalas de seu trabalho psicoterapêutico, e foi um dos pioneiros a introduzir o desenho de Mandalas para o Ocidente. Muitos artistas utilizam mandalas como uma forma de expressar sua criatividade e também descobriram que uma ferramenta fantástica que é de aprofundar o nosso próprio coração e entrar em contato com nossa natureza interior verdadeira.  O desenho de Mandalas é atualmente usado também nas escolas em muitas partes do mundo, desde quando se descobriu que ele ajuda as crianças a se concentrar e se acalmar.  A criação de Mandalas é uma experiência de meditação de foco forte e presença. Meditar sobre uma mandala é também um calmante e experiência da mente.  "Fazer uma mandala é uma disciplina para puxar tudo que está quebrado difuso em nossas mentes. Colocar esses aspectos de nossa vida juntos, encontrar um centro". ( Joseph Campbell, 1990).
"Na minha exploração, a mandala é a porta para a linguagem da alma. Quando você aprende esta língua, você ganha acesso a eterna sabedoria e mistério da alma. Sua vida será alterada, ampliada, agraciada, e aprofundada para sempre." (Paul Heussenstamm, 2012)
O psicólogo britânico, David Fontana, autor de vários livros de meditação, crê que a natureza simbólica da Mandala pode ajudar os meditadores a alcançar níveis progressivamente mais profundos do inconsciente e a experiência de um sentido místico da unidade. Jung pensava que a Mandala era uma representação do eu inconsciente. Segundo ele, sua pintura de Mandalas o ajudou a trabalhar até a plenitude de sua personalidade. “As Mandalas expulsam e exorcizam como um circulo mágico às forças anárquicas do mundo das trevas e constroem ou geram um contorno que transforma o  caos em um Cosmos” ( Carl Jung, 2002).
Todas as formas e cores são atos de energia e informação; ainda mais os símbolos sagrados, sólidos platônicos, mandalas e yantras que são de natureza arquetípica e sublime que estão fundamentados em leis e preceitos universais, portanto possuem em si mesmos, simetria, esplendor e beleza que inspiram harmonia superior e nos põe em contato com o sagrado do Cosmos.
O interesse ocidental pelas Mandalas se deve em grande parte à obra do psiquiatra Carl Gustav Jung. Ele estudou as Mandalas orientais e descobriu que as propriedades integradoras delas eram benéficas no processo psicoterápico; desenhando Mandalas seus pacientes podiam começar a por em ordem seu caos interior. Muitas pessoas usam as Mandalas por suas virtudes terapêuticas, que permitem recobrar o equilíbrio, o conhecimento de si mesmo, o sossego e a calma interiores, necessários para viver em harmonia.
Tucci (1961) admite que as Mandalas foram descobertas em experiências de introspecção motivadas por alguma necessidade intrínseca do espírito humano. Só mais tarde elas foram utilizadas com o fim de reconstruir um caminho para estados mentais que originalmente as inspiraram. A Mandala, nascida, portanto de um impulso interior, tornou-se, por sua vez, um suporte para a meditação, um instrumento externo para provocar e obter essas visões com serena concentração e meditação. As intuições que a princípio se mostravam caprichosas e imprevisíveis são projetadas para fora do místico, que, concentrando a mente nelas, redescobre o caminho para alcançar sua própria realidade oculta.
Joan Kellogg (1977) dizia que quando criamos uma Mandala geramos um símbolo pessoal que revela quem somos num dado momento.
Depois de Jung cada vez mais despontam ao redor do mundo ocidental inúmeros grupos que se dedicam a estudar ou desenhar e pintar Mandalas seja com objetivo artístico ou terapêutico. Encontramos esses grupos na Europa, Américas do Norte, Central e Sul. A cada dia que entramos na internet nos deparamos com um novo grupo ou até mesmo artistas e artesãos isolados que apresentam seus novos trabalhos.
 No dizer de Celina Fioravante as Mandalas possuem a capacidade de reordenar o corpo vibracional áurico, modificando sua estrutura, pois a faixa de atuação vibracional é muito ativa. Nos atuais tempos de transição, devemos nos centrar em nós mesmos, como faziam nossos antepassados. Essa nova necessidade de orientação para uma nova realidade faz que, temporariamente focalizemos nosso interior. A mandala nos ajuda a recorrer a reservatórios inconscientes de força que possibilitam uma reorientação para o mundo exterior. Desse modo compreendemos que o caminho da Mandala é uma meditação ativa que tem como objetivos a evolução pessoal e o aperfeiçoamento espiritual. A criação de Mandalas faz que a pessoa colabore com o processo de individuação. Criá-las é sustentar a integridade do ego. Ao mesmo tempo, é-lhe dada uma visão panorâmica do contexto maior do Self, dentro do qual o ego existe. Desenvolver Mandalas ou pintá-las serve como um expediente centralizador que faz emergir lucidez da confusão. As Mandalas podem mantê-lo em contato com a sabedoria interior e ajudá-lo a vivenciar quem você realmente pretende ser. O caminho da Mandala torna-se uma celebração desta dádiva que é a própria vida: uma oportunidade para evoluir, amar e ser.
Para se alcançar a energia vibracional de uma Mandala há três caminhos, igualmente importantes: o da numerologia, o da geometria e o das cores. Muitas pessoas sentem-se intimidadas diante de uma folha de papel em branco para iniciarem seus desenhos em círculos e preferem apenas colori-los. Parece que estas pessoas tem uma etapa necessária para vencerem em seu desenvolvimento. Por isso, para atender as pessoas que preferem apenas colorir Mandalas é que este grupo de Mandaleiras doou seus desenhos. “A pintura de uma mandala, nos proporciona o contato com as cores, que ajudará a restabelecer o equilíbrio do organismo, e em consequência obtendo cura. O trabalho com as cores também estimula os chakras do corpo humano. Para cada cor existe uma vibração que atua dentro destas rodas de energia.” Celina Fioravante (2007).
BIBLIOGRAFIA:
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.
FINCHER, Susanne F. Creating Mandalas. Boston: Shambhala, 2010.
FIORAVANTE, Celina. Mandalas – Como usar a energia dos desenhos sagrados. São Paulo: Pensamento, 2007.
Heussenstamm, Paul. http://www.mandalas.com/ Acessado em 20/08/2012.
JUNG, Carl Gustav “O simbolismo da Mandala” in Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Vozes, 2002.
_______________ & WILHELM, Richard. O segredo da flor de ouro – Um livro de vida chinês. Petrópolis: Vozes, 1984.
KELLOG, Joan “The use of Mandala in Psychological Evaluation and Treatment”. American Journal of Art Therapy. 16:123, 1977.
Mandaleiras do Universo. http://mandaleirasdouniverso.blogspot.com.br/ Acessado em 28/08/2012.
TUCCI, Giuseppe. The theory and practice of the Mandala. New York: Dover Publications, Inc., 1961.
WILHELM, Richard. I Ching – O livro das mutações. São Paulo: Pensamento, 9ªed, 1993.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Como construir um Yantra

Os Yantras
Na Índia as Mandalas são chamadas de Yantras. Yantra é um diagrama cósmico de origem hindu. As civilizações do vale do Indo – faz cinco mil anos – já os utilizavam com fins mágicos. Eram outorgados a eles o poder de devolver a saúde, vencer os perigos, provocar a chuva, aumentar a fertilidade da terra ou assegurar o êxito na casa. Mas além disto e de sua beleza e harmonia formal, o yantra é uma chave que nos permite sintonizar com as energias suis do macrocosmos. Os hindus consideram que estas figuras geométricas tem a capacidade de nos colocar em contato com energias e entidades superiores e por isso lhes conferem grande importância no desenvolvimento espiritual.
A contemplação de um yantra favorece a calma e a concentração e por isso promove o bem estar físico, psicológico e espiritual.
Como construir um Yantra
A construção de um yantra não é difícil se seguirmos calmamente o passo a passo abaixo para sua construção. Para construir seu primeiro yantra sugerimos a medida de 24cm de diãmetro por ser mais fácil para fazer divisão por 48 pontos. Uma vez que você tenha construído seu primeiro yantra pode ajustar novas medidas, obedecendo apenas a proporcionalidade. Esta não é a única forma de construir um yantra, mas foi aquelacom que me adaptei melhor depois de múltiplas tentativas. Vamos lá.
     






      1- Comece desenhando um circulo com 24 cm de diâmetro. E marque 48 pontos no sentido Norte -Sul, com a distância 0,5cm entre cada um:
Fig. 1: Dividindo o diâmetro de 24cm por 48 pontos de 0,5cm cada.





1-   2- Marque os pontos 6, 12, 17, 20, 23, 27, 30, 36 e 42 e trace uma linha horizontal em cada um deles como a figura abaixo. Você terá as linhas de 1 a 9:
Fig. 2: As nove linhas do Yantra.





1-   3-  Agora você vai apagar proporcionalmente cada linha:

. Da linha 1, tirar 3cm, 1,5 de cada lado.
. Da linha 2, tirar 5cm, 2,5 de cada lado.
. Da linha 3, não tira nada, manter como está.
. Da linha 4, tirar 16cm, 8cm de cada lado.
. Da linha 5, tirar 18cm, 9cm de cada lado.
. Da linha 6, tirar 16cm, 8cm de cada lado.
. Da linha 7, não tirar nada, manter como está.
. Da linha 8, tirar 4cm, 2cm de cada lado.
. Da linha 9, tirar 3cm,1,5 de cada lado.

Desse modo terá a seguinte figura:


Fig 3: As nove linhas do Yantra, cortadas proporcionalmente.


4- Construção do primeiro triângulo
     Usar como base a linha 9 e uni-la com o ponto nº 17, no centro da linha 3.


Fig 4: Construção do primeiro triângulo.

5-   Construção do segundo triângulo
      Usar com base a linha 8 e uni-la ao ponto 6, no centro da linha 1.


Fig 5: Construção do segundo triângulo.



 6- Construção do terceiro triângulo
     Usar como base a linha 7 e uni-la ao ponto 0.


Fig 6: Construção do terceiro triângulo.

7-  Construção do quarto triângulo
      Usar como base a linha 6 e uni-la ao ponto 12 no centro da linha 2.


Fig. 7: Construção do quarto triângulo.

8-  Construção do quinto triângulo.
     Com o triângulo anterior terminamos a construção dos triângulos voltados para o céu, para o norte e a partir do quinto triângulo         iniciamos a construção dos triângulos voltados para a terra, para o sul. Usar como base a linha 5 e uni-la ao ponto 30, no centro da linha 7.


Fig. 8: Construção do quinto triângulo.


9-   Construção do sexto triângulo.
      Usar como base a linha quatro e uni-la ao ponto 36 no centro da linha 8.


Fig. 9: Construção do sexto triângulo.


10-  Construção do sétimo triângulo.
       Usar como base a linha 3 e uni-la ao 48º ponto.


Fig. 10: Construção do sétimo triângulo.


11- Construção do oitavo triângulo.
      Usar como base a linha 2 e uni-la ao 42º ponto, no centro da linha 9.


Fig. 11: Construção do oitavo triângulo.

12-  Construção do nono triângulo.
       Usar como base a linha 1 e uni-la ao ponto nº 27, no centro da linha 6.


Fig. 12: Construção do nono triângulo.










terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Em torno do tema círculo

"A lei do mundo é o movimento, a lei do centro é a quietude. Viver no mundo é movimento, atividade, dança. Nossa vida é um dançar constante ao redor do centro, um incessante circundar o Uno invisível ao qual nós - tal como o círculo - devemos nossa existência. Viemos do ponto central - ainda que não o possamos perceber - e temos saudades dele. O círculo não pode esquecer sua origem - também sentimos saudades do paraíso. fazemos tudo o que podemos porque estamos à procura do centro, do nosso centro, do centro". (Thorwald Dethlefsen, 1984)


O Homem estudado em muitos momentos da história da humanidade, faz uso de mandalas, como forma de expressar-se, além da oportunidade de re-encontro com sua natureza essencial, com o sagrado, com o divino, com a numinosidade, pois além da necessidade de viver, sente a importância do uso do simbólico em suas manifestações para consigo mesmo, com os outros e com o universo onde está inserido.